ARQUITETURA COLONIAL DO BRASIL
Na história tiveram alterações de técnicas e materiais construtivos. Muitas das técnicas fundamentais sobreviveram intocáveis até a era Industrial, incluindo as ferramentas e métodos de trabalho e experimentaram retrocessos em longos períodos históricos.
Este foi o caso de técnicas de origem romana “redescobertas” (por exemplo, a alvenaria de tijolos) ou o “concreto” efetivamente redescoberto em pleno século XIX.
As técnicas construtivas trazidas para o Brasil possuíam basicamente duas vertentes: uma popular e outra erudita.
A erudita estava representada pelos engenheiros militares. Esses foram autores de tratados de fortificações, onde a arte da construção estava associada à tratadística Renascentista e à utilização de instrumentos de medição e a um conhecimento, ainda que rudimentar, da física e da química, como também formas de representação projetual arquitetônica.
Neste caso, os conhecimentos eram transmitidos através de “Aulas” e “Tratados”. As “aulas”, criadas segundo o modelo da Aula de Lisboa (1635), foram disseminadas pelos principais centros urbanos do Brasil, tais como: Salvador (1696), Rio de janeiro (1698), São Luís do Maranhão (1699), Recife (1701) e Belém (1758), essas aulas foram um dos principais focos de irradiação da cultura arquitetônica e urbanística erudita no Brasil-Colônia.
A vertente popular estava representada pelos Mestres de Ofício. Eles traziam consigo um conhecimento acumulado durante séculos (de origem Românica e Medieval) e transmitidos de forma oral e prática pelos mestres para os seus aprendizes. Além disso, ou para isso, contavam com as chamadas “Organizações de Ofício”, somente proibidas no Brasil pela Constituição de 1822.
A resultante destas duas vertentes é um rol de sistemas construtivos econômicos e seguros, capazes de serem aplicados nas condições de uma terra recém descoberta e inculta: “Areia e Fachina”, “Taipa de Pilão”, “Taipa Travada”, “Pau-a-Pique”, “Alvenaria de Pedra” (em inúmeras variações), “Alvenaria de Tijolo” e os chamados Sistemas Mistos, onde podem ser encontrados traços eruditos, porque divulgados pelos tratados como o de Palladio, por exemplo.
Pode-se, finalmente, afirmar que as técnicas utilizadas pelos portugueses no Brasil Colonial: a) não eram “primitivas”; b) não se caracterizaram pelo sincretismo com outras técnicas sabidamente simples de origem indígena ou africana; c) finalmente, não passaram por um “processo sucessório” rígido na aplicação, por exemplo: da taipa de pilão para a alvenaria de pedra ou alvenaria de tijolos.
REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1970
HUE, Jorge de Souza. Uma visão da Arquitetura Colonial no Brasil. Rio de Janeiro: Agir, 1999